Com os acontecimentos ocorridos no Brasil, e de repercussão 
              internacional no meio náutico, inicialmente a morte de Peter Blake e posteriormente a do velejador alemão no litoral da 
              Bahia, em 2003. Como de praxe, as mensagens recebidas pela internet 
              não nos questionavam de outro aspecto que não fosse 
              a PIRATARIA e a SEGURANÇA no mar.
            Assim, resolvemos redigir este texto, 
              a fim de colocarmos sobre o tema em pauta, nossa opinião, 
              experiência e acima de tudo, sugestões para quem eventualmente 
              for velejar em áreas de risco.
            
            Inicialmente e fundamental apor, 
              que nunca sofremos em todos estes anos de viagem, nenhum ato de 
              pirataria, ou mesmo tivemos conhecimento que tal tivesse ocorrido 
              com as centenas de veleiros de cruzeiro que conosco mantém 
              contato e conhecemos ao longo do caminho. 
            
             Este tipo de informação, 
              quando ocorre algo, de imediato a família cruzeirista toma 
              conhecimento.
            
            Na verdade, tivemos 2 problemas 
              de ordem local, guerrilhas internas, nas ilhas Salomão em 
              1999 e ao norte de Sumatra na província de Aceh, em novembro 
              de 2002, fatos contornados face a sermos brasileiros e campeões 
              mundiais de futebol. Narramos minuciosamente tais acontecimentos 
              em nosso livros, O GUARDIAN NA MELANÉSIA e O GUARDIAN NA INDONÉSIA.
            
            Temos por norma só navegarmos 
              em locais seguros e quando em locais de risco observando as normas 
              de segurança.
            
            Pirataria de fato, como nos reportamos 
              quando entrevistados no Programa do Jô, para nos não passa 
              de terrorismo náutico, isto aqui fora, excetuando o nosso 
              Brasil.
            
            Na sua grande totalidade, os Guias 
              Náuticos modernos e atuais, apontam como áreas de 
              risco de pirataria, o Mar da China, ao norte e sul das Filipinas, 
              a entrada sul do Mar Vermelho, as costas da Colômbia e com 
              ênfase, o litoral brasileiro. As demais áreas, antigamente 
              conhecidas como de risco, como é o caso do Estreito de Málaca, 
              foram erradicadas destes covardes atos.
            
            No caso do Brasil, não 
            é 
              de se estranhar, até mesmo porque a pirataria já vem 
              atrasada.
            
            Qualquer mente menos privilegiada 
              de inteligência, já deveria prever que a violência 
              imperante nas nossas cidades iría se transladar facilmente para 
              o mar.
            
            A grande maioria de nossas mais 
              populosas capitais se encontram no litoral e obviamente o processo 
              da violência urbana estaria sendo carreado para nossos portos, 
              lagoas, baias e rios navegáveis. É a continuação 
              da insegurança de nossos centros urbanos, e o caminho natural 
              da impunidade e violência que cada vez e mais assola nosso 
              pais.
            
            Em 1996, quando iniciamos nossa 
              viagem, isto há cerca de 7 anos, bala perdida, seqüestro, 
              assalto, crimes, mortes, etc, já eram uma constante e com 
              altíssimos índices em nosso pais.
            
            Assim não 
            é de se 
              estranhar, que após 7 anos ações de pirataria 
              apareçam em nossas águas, é simplesmente a 
              continuação da escalada da violência.
            
            Para nós brasileiros que já 
              estamos acostumados a conviver com tais fatos e achamos até 
              normais, a coisa é levada para o campo da galhofa, anedotário 
              popular e outros. Todavia, para os países, onde o Governo 
              tem respeito por seus cidadãos este tipo de coisa é 
              tratada como caso de Segurança Nacional.
            
            Nas águas brasileiras 
            é 
              sabidamente e de conhecimento geral, não há policiamento. 
              Assim, para qualquer bandido urbano, menos esclarecido a opção 
              de pirataria se apresenta como a mais fácil, mais rápida 
              e com menos riscos.
            
            Em nosso litoral, cerca dos grandes 
              centros urbanos, ou mesmo fora destes, navegam veleiros, lanchas, 
              embarcações de turismo, carregadas de turistas, e 
              obviamente, onde tem turista tem ladrão, ou ele esta chegando!!!!
            
            Os veleiros de cruzeiro estrangeiros, 
              são um alvo fácil, no mínimo um bom equipamento 
              eletrônico sempre rende bem no mercado negro, assim qualquer 
              coisa é lucro.
            
            Desta forma, embarcações 
              nacionais e estrangeiras, passaram a ser alvo dos assaltantes. As 
              nacionais são arrombadas quando ancoradas e sem vigilância. 
              Até mesmo famosos velejadores brasileiros já fazem 
              parte do rol de pilhados. O Velejador Amyr Klink, e os cruzeiristas 
              Vilmar e Gina do JORNAL, tiveram seus veleiros arrombados e pilhados. 
              E, não temos duvida alguma que as coisas irão cada 
              vez piorar mais.
             
            Desta arte, seguem abaixo, algumas normas de segurança para 
              aqueles que por ventura forem navegar em áreas de risco.
            
            Inicialmente se abster de navegar 
              ou mesmo ancorar cerca dos grandes centros urbanos ou portos, tais 
              como; Santos, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém 
              e Manaus. São áreas de altíssimo risco e que 
              não oferecem nenhuma segurança marítima. Além 
              disto os atrativos maiores são, assalto, roubo, bala perdida, 
              seqüestro e morte.
            
            Ao se navegar em áreas de 
              risco o fazer sempre em comboio 4 a 5 embarcações 
              juntas, numa proximidade de não mais de 100 metros, entre 
              si. Manter sempre o radio VHF em Stand By, num canal secreto, ou 
              SSB também numa freqüência secreta. Qualquer fato 
              estranho de imediato ser relatado e todos se acercarem rápido 
              se unindo, tal proceder faz com que os possíveis piratas 
              se evadam rapidamente.
            
            Durante a noite dormir ancorados 
              em contra bordo e sempre 2 membros da tripulação de 
              vigia.
            
            Em hipótese alguma deixar 
              qualquer embarcação local se acercar do grupo, e nunca 
              permitir de forma alguma a subida de pessoas estranhas a bordo.
            
            Não ter em hipótese 
              alguma arma de fogo a bordo. Violência gera violência 
              e morte. O velejador saiu para o mar a fim de relaxar, curtir e 
              não para a violência, já basta o que vivemos 
              no dia a dia das nossas cidades, onde a loteria é diária, 
              não se sabe se chega ao trabalho ou dele se volta para casa 
              com vida!!!!!
            
            Isto é uma realidade, todos 
              os cidadãos brasileiros o sabem e o Governo também!!!!!!
            
            Durante nossa viagem, conhecemos 
              alguns cruzeiristas, principalmente americanos que tinham verdadeiros 
              arsenais a bordo, um deles tinha até míssel terra/ar/terra. 
              Neste caso mais direcionado para navios, ao nosso ver o grande perigo 
              dos Oceanos e dos veleiros de cruzeiro.
            
            Como relatado em nossos livros não 
              poucas vezes tivemos que alterar rumos e fugir mesmo da perseguição 
              de navios, com a taxativa intenção de nos colocar 
              a pique.
            
            Quando ancorar fazê-lo sempre junto 
              a povoado de pescadores e longe dos grandes centros. Gente do mar 
              respeita as coisas do mar, isto no mundo inteiro. Pescador em hipótese 
              nenhuma é ladrão ou assaltante, quem assim se comporta 
              é de imediato defenestrado do ambiente e comunidade.
            
            Procurar as cidades pequenas do 
              litoral brasileiro, onde os riscos são menores e de preferência 
              contatar a priori algum velejador ou navegador do local através 
              de amigos comuns.
            
            Se algum fato desagradável 
              de pirataria ocorrer, não reagir em hipótese alguma, 
              mesmo que tenha 100% de chances, não o fazê-lo. Vão-se 
              os anéis mas ficam-se os dedos, coisas se adquire novamente, 
              a vida nunca mais!!!!!!!!
            
            Os movimentos devem ser bem lentos, 
              fala mansa, evitar transparecer qualquer medo ou reação 
              semelhante, manter a calma e a cabeça fria, o objetivo é 
              terminar o mais rápido possível o covarde ato para 
              o assaltante e assaltado. Não se esquecer que os assaltantes 
              estão tensos, nervosos e drogados, na maioria dos casos, 
              e facilmente podem tomar uma rápida ação de 
              violência.
            
            Chamar policia, autoridades, lavrar 
              ato de ocorrência, o fazer somente quando os objetos roubados 
              estiverem segurados, caso contrario é perda total de tempo. 
              Em 99% dos casos não da em nada, só mais aborrecimento, 
              chateação e revolta. Coloque no seu caderno de perdas 
              e danos e na sua Declaração de Renda aponha, de resto 
              é agradecer ao Capitão lá de cima, ter saído 
              com vida!!!!!!!!!
            
            Aos cruzeiristas internacionais 
              fica para nós muito difícil apor qualquer informação 
              além das acima, pois terão sempre péssimas e dolorosas 
              surpresas quando comparadas com o navegar pelas águas do 
              Pacifico Sul, Sul, Sul da Ásia, ou Mediterrâneo.
            
              Todavia as orientações abaixo devem ser seguidas a 
              risca:
              · Parar em Marinas e Iates Clubes
              · Nunca ancorar ou velejar sozinho
              · Procurar amigos e velejadores brasileiros para auxiliá-los 
              nos tramites legais de entrada e saída no Brasil
              · As autoridades brasileiras na sua grande maioria não 
              falam inglês
              · Procurar quando nos Iates Clubes e Marinas velejadores 
              que já tenham estado nas áreas que se vai navegar 
              e obter o máximo de informações
              · O Guia Náutico no Brasil mais conhecido é 
              o editado pelo Grupo 1, do velejador Hélio, do veleiro Mantra, 
            e cobre parte do litoral da Bahia, uma recomendação das mais 
            importantes é tê-lo a bordo.
              · Procurar manter contato com a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE 
              VELEJADORES DE CRUZEIRO, contato com 
            
            webmaster@ya.com.br
            
            Enfim convém lembrar de forma 
              até triste, que nosso pais se tornou terra sem lei e sem 
              ordem, praça de guerra. Qualquer cidadão que honestamente 
              paga seus impostos, e não são poucos, cumpre com suas 
              obrigações de cidadão, está sujeito a perder 
              sua vida e de seus entes queridos a qualquer momento na violência 
              que assumiu o controle dos grandes centros urbanos do pais.